Opinião

O que faz alguém escolher a carreira jurídica, especialmente a advocacia? Senso de justiça? Garantir ao cliente acesso aos direitos fundamentais? Estabilidade financeira?

Saiba que o tão sonhado pé de meia está cada vez mais distante. Existem, no Brasil, 1 milhão e 100 mil advogados, maior quantidade no mundo em proporção ao número de habitantes! Por isso, se o seu “amor” pelo Direito falar mais alto, a dificuldade de abrir um escritório e aguardar avidamente e pacientemente pela clientela será enfrentada com disposição e esperança.

A esperança, por sua vez, é a palavra chave do advogado, que o ronda desde o despertar até a hora de ir dormir. O cliente espera um bom resultado, enquanto que o advogado sempre espera, espera e espera. Espera a rápida solução do litígio, fato praticamente impossível nos dias de hoje, já que há cada vez mais processos abarrotando os escaninhos dos Foros e Tribunais e cada vez menos servidores e juízes, os quais não conseguem dar o devido andamento num prazo razoável. E sabe-se que justiça tardia é o mesmo que injustiça, pois se nega o mais fundamental: o direito de litigar e poder resgatar a dignidade do cliente.

Contudo, se o advogado luta pela justiça e ama o que faz, nada disso servirá de empecilho ao exercício da profissão. No meu caso, sempre achei que seria advogada, logicamente por influência paterna, já que meu pai é advogado há 52 anos, um dos profissionais mais brilhantes e ainda atuantes que conheço. Como o escritório dele sempre foi junto à residência, me criei entre livros e papéis. Hoje muita coisa mudou, os papéis são mais escassos devido à tecnologia e alguns escritórios de advocacia assemelham-se à grandes empresas ávidas por lucros, que visam captar clientes a qualquer custo. Mas, a convivência entre os compêndios e, sobretudo, a honestidade de meu pai e colega no trato com os clientes, definitivamente, “pesou mais forte” na minha balança profissional.

Sou advogada há 23 anos e amo o que faço.